
Aumento da degeneração macular afeta a qualidade de vida dos idosos

A visão é uma das nossas capacidades mais valiosas, especialmente para os idosos, que buscam manter sua autonomia. Um problema crescente entre essa faixa etária é a degeneração macular relacionada à idade, ou DMRI. O número de casos está aumentando no mundo todo, incluindo no Brasil, afetando diretamente a qualidade de vida de milhões.
Esse problema de visão se transformou em uma das principais causas de perda irreversível da visão central em pessoas a partir dos 60 anos, impactando seriamente a independência e o bem-estar dos afetados. Profissionais da saúde apontam que o envelhecimento da população e fatores como estilo de vida moderno ajudam a explicar esse aumento.
Vamos explorar como a DMRI pode afetar a vida dos idosos, quais são os sintomas, fatores de risco, métodos de diagnóstico e opções de tratamento e prevenção. Confira as informações necessárias para cuidar da sua visão ou da de alguém que já está na terceira idade.
O que é a degeneração macular e como ela afeta a visão
A mácula é uma pequena parte central da retina que permite ver detalhes nítidos em atividades como ler, costurar e dirigir. Quando essa região começa a se desgastar, surgem os problemas da degeneração macular.
A DMRI leva à deterioração das células da mácula, fazendo com que a pessoa perca a visão central. Embora a visão lateral possa permanecer, fica difícil enxergar o que está à frente com clareza. Isso pode impactar até mesmo as tarefas mais simples do dia a dia, que requerem ajuda de outras pessoas ou adaptações.
É uma condição que avança lentamente. Começa com sintomas baixos e pode evoluir para uma situação incapacitante. A perda da visão central não indica cegueira total, mas afeta bastante a autonomia e a confiança do paciente em qualquer lugar.
O crescimento da DMRI na população idosa
Com a expectativa de vida aumentando, a DMRI está se tornando cada vez mais comum. Aproximadamente 30% das pessoas acima dos 75 anos podem apresentar algum grau da doença. Considerando que o Brasil está se aproximando de 30 milhões de idosos, essa é uma preocupação crescente.
O envelhecimento natural dos olhos é um fator principal, mas não é o único. O estilo de vida moderno também tem bastante influência. Dietas ruins, fumar, exposição excessiva ao sol e o uso constante de telas digitais podem acelerar o surgimento e agravamento da doença.
Além disso, muitos idosos não percebem os sintomas iniciais ou demoram a buscar atendimento, prejudicando as chances de um tratamento eficaz e atrasando o diagnóstico.
Formas de manifestação da degeneração macular
A DMRI pode se manifestar de duas formas principais, cada uma com características e riscos diferentes:
Forma seca
Essa é a forma mais comum, respondendo por cerca de 85% dos casos. Ocorre o afinamento das células da mácula, com uma evolução bem lenta e gradual. Às vezes, leva anos até que os sintomas se tornem evidentes.
Forma úmida
Essa forma, embora menos comum, é responsável pela maior parte das perdas visuais severas. Nela, vasos sanguíneos anormais se formam sob a retina, podendo vazar líquido ou sangue, levando a uma perda rápida da visão central.
A forma úmida demanda atenção imediata, pois a perda funcional pode ocorrer rapidamente. Já a forma seca, mesmo sendo menos agressiva, também precisa de acompanhamento regular.
Sintomas que indicam o início da DMRI
Geralmente, a DMRI começa de maneira silenciosa. Os sintomas aparecem devagar e, muitas vezes, são confundidos com o envelhecimento da visão. Reconhecer esses sinais iniciais é crucial. Os principais sintomas incluem:
- Dificuldade em ver detalhes.
- Visão central borrada ou com manchas escuras.
- Necessidade de mais luz para ler ou costurar.
- Linhas retas que parecem onduladas.
- Dificuldade em reconhecer rostos à curta distância.
- Alterações nas cores.
Se perceber um desses sintomas, mesmo que isolado, é importante agendar uma consulta com um oftalmologista, principalmente se a pessoa tiver mais de 50 anos.
Exames que confirmam o diagnóstico
O diagnóstico da DMRI é feito através de exames oftalmológicos que avaliam detalhadamente a retina. Os métodos mais comuns são:
Fundo de olho
Esse exame permite ver diretamente a retina e a mácula, identificando alterações como drusas, que são depósitos de gordura e marcam a forma seca da doença.
Tomografia de coerência óptica (OCT)
Fornece imagens detalhadas das camadas da retina, sendo fundamental para monitorar a evolução da doença e verificar o acúmulo de líquido.
Angiografia com fluoresceína
É usado principalmente para identificar a forma úmida. Avalia os vasos da retina e revela se há vazamentos.
Teste de Amsler
Esse é um exame simples, que o paciente pode fazer em casa para identificar distorções na visão central.
Diagnósticos precoces aumentam consideravelmente as chances de preservar a visão, especialmente na forma úmida, onde a intervenção rápida é crucial.
Como a degeneração macular afeta a qualidade de vida
A perda da visão central dificulta a realização de tarefas cotidianas. Idosos com DMRI costumam relatar dificuldades em:
- Ler rótulos e livros.
- Enxergar números no celular.
- Cozinhar de forma segura.
- Reconhecer amigos e familiares.
- Circular em lugares públicos com confiança.
Essas limitações podem levar ao isolamento social, à baixa autoestima e a um maior risco de quedas. Além disso, a adaptação pode desencadear depressão e ansiedade, especialmente se a perda de visão for súbita.
Um alerta importante é que muitos pacientes só percebem a gravidade da DMRI quando já perderam uma parte significativa da visão central. Por isso, o acompanhamento preventivo é tão fundamental quanto o tratamento.
Avanços no tratamento e controle da DMRI
Embora ainda não haja cura para a degeneração macular, os tratamentos disponíveis hoje podem retardar ou até reverter parte dos danos, dependendo do estágio da doença.
Tratamento da forma seca
Esse tipo de tratamento é baseado em suplementos de antioxidantes e vitaminas como luteína, zeaxantina, zinco e vitaminas C e E. É essencial também ter uma alimentação equilibrada e controlar problemas como pressão alta e colesterol para prevenir a progressão.
Tratamento da forma úmida
Esse envolve a aplicação de medicamentos antiangiogênicos diretamente no olho, através de injeções. Esses medicamentos ajudam a bloquear o crescimento anormal de vasos sanguíneos sob a retina e diminuem o inchaço.
A quantidade de injeções varia conforme a resposta de cada paciente, mas em muitos casos, os resultados são bons e permitem que a pessoa mantenha a visão por muitos anos.
Medidas eficazes para prevenção
Embora não seja possível prevenir totalmente a degeneração macular, ter hábitos saudáveis pode reduzir muito o risco ou adiar seu surgimento. Algumas dicas são:
- Usar óculos escuros que protejam contra raios UV sempre que estiver exposto ao sol.
- Evitar fumar e ambientes com fumaça.
- Controlar doenças como hipertensão e diabetes.
- Fazer exercícios físicos regularmente.
- Ter uma alimentação rica em vegetais verdes, frutas vermelhas e peixes com ômega 3.
- Evitar alimentos ultraprocessados.
- Realizar exames oftalmológicos anuais após os 50 anos.
Essas medidas ajudam a proteger as células da mácula e diminuem as chances de desenvolver a forma severa da doença.
Conclusão
A degeneração macular relacionada à idade se tornou uma das grandes preocupações da saúde ocular entre os idosos. Com o aumento da longevidade, mais pessoas estarão vulneráveis à perda da visão central no futuro.
Reconhecer os sintomas iniciais, fazer exames regulares e adotar hábitos saudáveis são ações fundamentais para manter a qualidade de vida na terceira idade. Informar-se é o primeiro passo para proteger a visão de maneira eficaz.
Se você tem mais de 50 anos ou convive com alguém que já apresenta dificuldades visuais, não espere o problema piorar. Marque uma consulta com um oftalmologista e cuide da sua visão. Ver bem é essencial para envelhecer com dignidade e segurança.